Dilma destina R$ 480 milhões para viabilizar lei de cotas na TV paga
TAI NALON
BRASÍLIA, DF - A presidente Dilma Rousseff assinou nesta terça-feira
(1º) decreto que cria o programa Brasil de Todas as Telas, que deverá
destinar R$ 480 milhões para estimular produções televisivas e de cinema
no país.
O dinheiro será adicionado ao Fundo Setorial do Audiovisual, numa
tentativa de alimentar o setor, impulsionado pela lei que obriga a
veiculação de produções nacionais na TV paga.
O governo tem como meta copatrocinar 250 novos projetos por ano, entre
curtas e longa metragens, além de séries e minisséries.
No total, a União destinará cerca de R$ 1,2 bilhão, se somados os
anúncios de R$ 413 milhões, do ano passado, e de R$ 310 milhões para o
programa Cinema Perto de Você.
O dinheiro também deverá estimular, segundo a ambição do governo,
capacitação e formação profissional, por meio do Pronatec, e implantação
e modernização de salas de cinema.
Segundo a ministra Marta Suplicy (Cultura), trata-se de sete vezes mais
recursos do que a pasta repassa para o setor atualmente.
"A lei, que exige um percentual de filmes nacionais sendo exibidos, ela
ficava com dificuldade de ser cumprida à medida que os recursos para que
a produção fosse executada eram poucos", explicou a ministra.
Conforme a lei, os canais que exibem sobretudo filmes, séries, animação e
documentários são obrigados a dedicar 3h30 semanais de seu horário
nobre a produções brasileiras. A legislação também diz que metade desse
conteúdo deverá ser produzida por produtora brasileira independente.
"E nós estamos falando de R$ 1,2 bilhão, é sem dúvida o maior programa
de apoio à produção audiovisual já implementado no Brasil --pelo volume
de recurso, mas sobretudo pelo conjunto de iniciativas envolvidas",
disse a presidente.
Em cerimônia prestigiada por artistas e cineastas no Palácio do
Planalto, Dilma disse ser espectadora de filmes --mas que também gosta
"muito de livro". "Empata. O livro ganha. Eu ainda sou de uma geração
que consegui imaginar o que podia com a leitura. O livro ganha por uma
cabeça pequena, mas ganha."
Ela relatou ter ido, desde que tomou posse na Presidência, duas vezes ao
cinema. E pediu, em raro momento de descontração, que os cineastas
presentes na solenidade enviassem a ela cópias de suas obras.
"Eu geralmente não posso ir a uma sala de cinema porque sento eu e uma
parte da segurança atrás de mim, o que é extremamente desagradável para
as demais pessoas que estão ali", declarou Dilma.
A presidente também quebrou o protocolo e cumprimentou antes de todas as
autoridades presentes no evento o ator Cauã Reymond. "Não é todo dia
que a gente tem um Cauã aqui no Palácio do Planalto. O [Michel] Temer
que me desculpe", disse ela.
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