terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Coordenador de Alckmin cai no conto dos "amigos de Plutão"


6 DE OUTUBRO DE 2006 - 19h03


Um dos coordenadores de campanha do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) no Nordeste, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) mostrou-se como exemplo clássico de como a campanha anti-Lula disseminada pela mídia consegue ludibriar os eleitores. Fortes, que se considera um político bem informado, subiu na tribuna do Senado para pedir a abertura de uma CPI que investigue as organizações não-governamentais, entre elas a "Sociedade Amigos de Plutão", que teria recebido alguns milhões do governo federal. Só depois da indignada denúncia, é que o senador soube que a história da ONG Amigos de Plutão foi uma piada de mau gosto lançada pelo jornalista Carlos Chagas e rapidamente espalhada pela internet por apoiadores de Geraldo Alckmin.


Na falsa notícia que publicou, Carlos Chagas diz que "A sede da Sociedade dos Amigos de Plutão está registrada na Esplanada dos Ministérios, ainda que sem particularizar qual deles. O presidente da entidade é um ex-líder sindical, filiado à CUT e ao PT, amigo íntimo do presidente Lula. O Diário Oficial publicou a liberação de 7,5 milhões de reais para estimular as primeiras ações da nova ONG, que também celebrará convênios de publicidade com a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios. O objetivo é conscientizar a população para o perigo que significa o rebaixamento de Plutão, primeiro passo para a exclusão da Terra."

A "crônica", disfarçada de notícia e sem nenhuma advertência ao leitor de que se tratava de uma informação inverídica, disseminou-se rapidamente pela internet por iniciativa de apoiadores da candidatura de Geraldo Alckmin, e foi parar no e-mail do senador Heráclito Fortes e, como diria o saudoso personagem de Francisco Milani no programa Zorra Total, "ele acreditou" !.

Num dos muitos e-mails que circularam pela rede divulgando a falsa notícia, um apoiador de Alckmin pergunta: "Não entendo por que não está sendo divulgado com o destaque que este assunto tão absurdo e vergonhoso merece".

O jornalista Carlos Chagas já reconheceu que era tudo mentira, mas este leitor que acreditou na história e a reproduziu tem razão num ponto do texto: este é mesmo um assunto "absurdo e vergonhoso".

E esta não é a primeira vez que textos ofensivos e mentirosos em relação ao governo Lula circulam pela internet como rastilho de pólvora, enganando enormes legiões de internautas mal informados. Boris Casoy, Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim são alguns dos jornalistas vítimas deste tipo de iniciativa. Mas no caso em questão, o problema é mais grave, pois não se trata de um texto no qual alguma pessoa mal intenciona coloca a assinatura de um jornalista conhecido à revelia dele. Na história dos "amigos de Plutão" foi o próprio jornalista Carlos Chagas quem criou a piadinha de mau gosto, obviamente para acrescentar uma dose de veneno a mais na já pestilenta onda de difamação que a mídia promove contra o governo Lula.


Leia abaixo a retratação que o jornalista Carlos Chagas fez sobre a falsa notícia:

Metáforas fazem parte da crônica política. Já escrevi que as oposições contrataram Sherlock Holmes para investigar a participação de José Dirceu no mensalão. Contei a passagem do genial detetive por Brasília. Nem o ex-chefe da Casa Civil sentiu-se agravado, muito menos os descendentes de Connan Doyle preocuparam-se com o uso indevido do personagem.

Com freqüência, apelando para a ficção, costumo trazer à realidade nacional mortos ilustres como Getúlio Vargas, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, que comentam e até participam de lances conturbados da política. Para não falar na intromissão de Napoleão, Maquiavel, Alexandre o Grande, Pedro Álvares Cabral e personagens da História instalados pela minha parca imaginação nas avenidas e palácios da capital federal. Nenhum protesto, até agora.

A 29 de agosto, enveredei pela mesma trilha, diante da desclassificação de Plutão de planeta para asteróide. Por conta da proliferação de ONGs fajutas mamando nas tetas do governo, uma delas, que a imprensa divulgara ser dirigida por um ex-líder sindicalista, imaginei outra, a "Sociedade dos Amigos de Plutão".

Ao descrever suas atividades, obviamente fictícias, não resisti à tentação de apresentá-la como da mesma forma presidida por líder sindical, suposto amigo do presidente, claro que inexistente, por isso jamais fulanizado. A ONG teria sede na Esplanada dos Ministérios e seus diretores empreenderiam farta e luxuosa viagem ao redor do mundo, pregando a imprescindível reabilitação de Plutão.

Esclarecendo dúvidas


Simples metáfora, mas, reconheço, sem a caracterização explícita. Como no período eleitoral que agora se encerra andam exasperadas as emoções, houve quem supusesse naquela crônica uma agressão ao PT, às lideranças sindicais, ao presidente e à Esplanada dos Ministérios. Penitencio-me, para que não haja dúvidas. A ONG "Sociedade dos Amigos de Plutão" não existe. Pelo menos, ainda não foi criada.

Para evitar a repetição de um problema que já relato, lembro a Lei de Imprensa, dispondo de uma figura denominada retratação. Quando, no mesmo espaço, na mesma página, um jornalista se retrata, reconhecendo o erro, cessa ou nem se inicia a respectiva ação penal....

Clique aqui para ler a íntegra da retratação

Clique aqui para ler a íntegra da "crônica" com a falsa notícia

Clique aqui para ver como é fácil enganar os internautas

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